sexta-feira, 23 de março de 2012

«Ulisses» de Maria Alberta Menéres

«Ulisses» de Maria Alberta Menéres
Uma aventura pela Grécia Antiga.
As aventuras de Ulisses, rei de Ítaca e conquistador de Tróia.
 (clica na capa do livro para aceder ao texto)

                  


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Testes: 1 - 2 - 3 - 4 - (correção 4) - 5 - 6




segunda-feira, 19 de março de 2012

«Bela Infanta» de Almeida Garrett


Depois da leitura da obra "A Árvore" de Sophia de Mello Breyner Andresen, que nos levou até à época dos Descobrimentos e das viagens dos portugueses pelo mundo, nomeadamente pelo Oriente, proponho-vos a leitura da narrativa em verso "Bela Infanta" de Almeida Garrett, que nos levará até à Idade Média e às Cruzadas.

Deixo-vos aqui as gravações das leituras dramatizadas dos vossos colegas do 6ºB e D

 


Bela Infanta
Estava a bela infanta
No seu jardim assentada,
Com o pente de oiro fino
Seus cabelos penteava
Deitou os olhos ao mar
Viu vir uma nobre armada;
Capitão que nela vinha,
Muito bem que a governava.
- "Dize-me, ó capitão
Dessa tua nobre armada,
Se encontraste meu marido
Na terra que Deus pisava."
-"Anda tanto cavaleiro
Naquela terra sagrada...
Dize-me tu, ó senhora
As senhas que ele levava."
-"Levava cavalo branco,
Selim de prata doirada;
Na ponta da sua lança
A cruz de Cristo levava."
-"Pelos sinais que me deste
Lá o vi numa estacada
Morrer morte de valente:
Eu sua morte vingava."
-"Ai triste de mim viúva,
Ai triste de mim coitada!
De três filhinhas que tenho,
Sem nenhuma ser casada!..."
-"Que darias tu, senhora,
A quem no trouxera aqui?"
-"Dera-lhe oiro e prata fina
Quanta riqueza há por í."
-"Não quero oiro nem prata,
Não nos quero para mi':
Que darias mais, senhora,
A quem no trouxera aqui?"
-"De três moinhos que tenho,
Todos os três tos dera a ti;
Um mói o cravo e a canela,
Outro mói do gerzeli:
Rica farinha que fazem!
Tomara-os el-rei para si."
-"Os teus moinhos não quero,
Não os quero para mi:
Que darias mais, senhora,
A quem to trouxera aqui?"
-"As telhas do meu telhado,
Que são de oiro e marfim."
-"As telhas do teu telhado
Não nas quero para mi":
Que darias mais, senhora,
A quem no trouxera aqui?"
-"De três filhas que eu tenho
Todas três te dera a ti:
Uma para te calçar,
Outra para te vestir
A mais formosa de todas
Para contigo dormir."
-"As tuas filhas, infanta,
Não são damas para mi':
Dá-me outra coisa, senhora,
Se queres que o traga aqui."
-"Não tenho mais que te dar.
Nem tu mais que me pedir."
-"Tudo não, senhora minha.
Que inda não te deste a ti."
-"Cavaleiro que tal pede,
Que tão vilão é de si,
Por meus vilãos arrastado
O farei andar por aí
Ao rabo do meu cavalo
À volta do meu jardim.
Vassalos, os meus vassalos,
Acudi-me agora aqui!"
-"Este anel de sete pedras
Que eu contigo reparti...
Que é dela a outra metade?
Pois a minha, vê-la aí!"
-"Tantos anos que chorei,
Tantos sustos que tremi!...
Deus te perdoe, marido,
Que me ias matando aqui."

Almeida Garrett, Romanceiro

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sexta-feira, 2 de março de 2012

Concurso de Leitura

No dia 1 de março, decorreu, na biblioteca do Agrupamento de Escolas de Alhadas, o Concurso de Leitura, subordinado ao tema "Cooperação / Solidariedade", no qual participaram os alunos do 2º e 3º ciclos. Os primeiros escolheram textos narrativos (contos) e os segundos textos poéticos.
Eis os textos e vídeos dos vencedores:

2º Ciclo 
Beatriz Coutinho e Francisca Silva - 6ºD



Obaluwaiyê, o Dono da Peste

[...] há uns 900 anos passados, nasceu um menino, e os pais botaram o nome de Obaluwaiyê. Este menino foi crescendo, e quando já estava mais ou menos com uns quatorze anos de idade, resolveu sair pelo mundo para conseguir bons trabalhos e ganhar muito dinheiro para ele e seus pais.
Um dia amanheceu já preparado, tomou a benção aos pais e saiu pela porta a fora, procurando um jeito de vida. Andou, andou, andou muito mesmo, até que por fim, depois
de já ter passado por varias cidadezinhas, deu numa cidade muito grande e começou a procurar emprego. Porém ninguém quis lhe atender, e por se achar esfomeado resolveu bater na porta de uma casa grande e muito bonita também. Quando vieram atender ele pediu esmola e, por resposta, fecharam a porta da casa e não lhe deram coisíssima nenhuma. Desiludido, continuou a andar, e um cachorro que estava deitado na dita porta acompanhou ele até quando chegaram numa mata virgem, onde ficaram comendo folhas e bichos de toda espécie. Obaluwaiyê por companhia naquela mata virgem só tinha o cachorro e as cobras que sempre estavam junto com ele. Mesmo assim, e com toda a fé que ele tinha em Olorum (Deus), não deixou de sofrer. Já estava com o corpo todo aberto em chagas e o cachorro era quem cuidava, com sua própria língua, aliviando as dores e sofrimentos. Obaluwaiyê já tinha perdido toda a esperança de vida e estava jogado entre as raízes dum pé de rôko (gameleira) esperando a morte. Foi quando ouviu uma voz dizer:
- Obaluwaiyê, levanta-te já cumpriste a tua missão com os teus sofrimentos, agora vais aliviar os sofrimentos daqueles que reclamam por ti.
[...] Ele aí se ajoelhou, deu graças a Olorum, e pediu para que lhe desse o direito e a virtude de poder cumprir aquela missão de acordo com a ordem que tinha recebido; e assim, com um pedaço de pau, espécie de um cajado, umas cabaças onde carregava água e remédio, e com o seu cachorrinho, começou a viagem de volta para a tribo de seus pais. Nessa ocasião, em várias tribos de lugares diferentes, estava assolando uma grande e desconhecida peste, e também morrendo gente mesmo que formiga.
[...] Obaluwaiyê passou pela última cidade que foi a primeira em que lhe negaram emprego. Se dirigiu para a casa onde lhe bateram a porta na cara negando uma esmola e pediu agasalho. Desta vez foi mais feliz. Não teve nem quem viesse atender. Devido ao estado de saúde que todos do lugar se encontravam, as casas amanheciam e anoiteciam com as portas já abertas. Logo que Obaluwaiyê entrou nessa casa aconteceu um dos mais verdadeiros milagres. Todas as pessoas que estavam doentes imediatamente levantaram da cama já curadas. Reconhecendo a Obaluwaiyê, foram caindo a seus pés pedindo perdão do que tinham feito. Ele com toda a paciência perdoava e dizia:
-Agora cada um de vocês tem de ir ver uma folha perêgum, pintar com efum, osum e uáje (ingredientes africanos) e em seguida pregar a folha na casa de cada um para que Olorum tenha compaixão dos moradores desta cidade e isole todo o mal que recaiu sobre vocês.
Imediatamente foi tudo feito conforme determinação de Obaluwaiyê. A cidade se normalizou, voltando a funcionar conforme antes da peste ter caído sobre ela.

SANTOS, Deoscóredes M. dos Santos. Obaluwaiyê, o Dono da Peste In: Contos
Crioulos da Bahia, narrados por Mestre Didi. Petrópolis, Vozes, 1976, p. 22 a 24.



3º Ciclo 
Patrícia Martins (9ºB)

AMIGO 
 
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!

«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O'Neill, in «No Reino da Dinamarca»

Vera Alves (8ºC)


OS MENINOS DE TODAS AS CORES

Era uma vez um menino branco, chamado Miguel, que vivia numa terra de meninos brancos e dizia:


É bom ser branco
Porque é branco o açúcar, tão doce,
Porque é branco o leite, tão saboroso,
Porque é branca a neve, tão linda.


Mas, certo dia, o menino partiu numa grande viagem e chegou a uma terra onde todos os meninos são amarelos. Arranjou uma amiga chamada Flor de Lótus, que, como todos os meninos amarelos, dizia:


É bom ser amarelo
Porque é amarelo o Sol
É amarelo o girassol
Mais a areia amarela da praia.


O menino branco meteu-se num barco para continuar sua viagem e parou numa terra onde todos os meninos são pretos. Fez-se amigo de um pequeno caçador chamado Lumumba, que, como os outros meninos pretos, dizia:


É bom ser preto
Como a noite
Preto como as azeitonas
Preto como as estradas que nos levam
Por toda a parte


O menino branco entrou depois num avião, que só parou numa terra onde todos os meninos são vermelhos. Escolheu para brincar aos índios um menino chamado Pena de Águia. E o menino vermelho dizia:


É bom ser vermelho
Da cor das fogueiras
Da cor das cerejas
E da cor do sangue bem encarnado.


O menino branco foi correndo mundo até uma terra onde todos os meninos são castanhos. Aí fazia corridas de camelo com um menino chamado Ali-Babá, que dizia:


É bom ser castanho
Como a terra do chão
Os troncos das árvores
É tão bom ser castanho como um chocolate.


Quando o menino branco voltou à sua terra de meninos brancos, dizia:


É bom ser branco como o açúcar
Amarelo como o Sol
Preto como as estradas
Vermelho como as fogueiras
Castanho da cor do chocolate.


Enquanto, na escola, os meninos brancos pintavam em folhas brancas desenhos de meninos brancos, ele fazia grandes rodas com meninos sorridentes de todas as cores.
Autora: Luisa Ducla Soares