terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Profissões em vias de extinção

            Ao longo do tempo, muitas profissões desapareceram e outras surgiram. Deixo-vos aqui algumas profissões em vias de extinção retratadas através das entrevistas realizadas pelos alunos das turmas A, B e D do 6º ano. Algumas destas entrevistas são meras simulações, fruto da pesquisa e imaginação dos seus autores.


O ALFAIATE
O alfaiate desapareceu porque as pessoas gostam de comprar roupa nas lojas. Já não se veem muitos alfaiates no nosso país. As fábricas produzem roupa mais barata.
Eduarda: Há quanto tempo desempenha a profissão de alfaiate?
Alfaiate: Eu desempenho esta profissão há muito tempo. Há cerca de trinta e cinco anos.
Eduarda: Porque escolheu essa profissão?
Alfaiate: Eu escolhi esta profissão porque o meu pai já trabalhava neste ofício. Aprendi tudo com ele e sou eu que seguro esta arte na minha família que já vem do tempo dos meus bisavôs.
Eduarda: Gosta da sua profissão?
Alfaiate: Gosto da minha profissão porque segui as pisadas do meu pai.
Eduarda: Porque é que já não há mais alfaiates neste país?
Alfaiate: Ainda há alguns! Embora as pessoas prefiram ir às lojas comprar vestuário já feito. As fábricas tiraram-nos quase a clientela toda.
Eduarda: Acha que a profissão ainda vai continuar ou vai acabar por desaparecer?
Alfaiate: Acho que esta profissão vai deixar de existir como todas as outras profissões mais antigas.
Eduarda: Acha que a sua profissão vai voltar a existir?
Alfaiate: Penso que a minha profissão já não vai voltar a existir.

Maria Eduarda Fernandes, 6ºA

O CANTONEIRO
Entrevistadora - Bom dia! Sou uma jornalista do Diário de Brenha e vim saber se me disponibilizava um tempinho seu para me contar numa entrevista como é a vida de um cantoneiro.
Cantoneiro - Bom dia. Teria muito gosto em responder às suas perguntas.
Entrevistadora - Muito obrigada.  Como se chama?
Cantoneiro - Eu chamo-me Armando Cação.
Entrevistadora - Há quantos anos se dedica a esta profissão?
Cantoneiro - Eu trabalho nesta profissão há cerca de vinte e cinco anos.
Entrevistadora - Qual o motivo que o levou a escolher essa profissão?
Cantoneiro - Muitas razões, mas a principal é ajudar a preservar o ambiente.
Entrevistadora - Pode falar um pouco da sua rotina?
Cantoneiro - Sim. Bom, o que eu faço é limpar o lixo dos outros. Cerca de seis noites por semana, nós saímos à rua para recolher os sacos e os contentores. Trabalhamos quase até ao nascer do Sol.
Entrevistadora - Existem muitas pessoas a trabalhar nessa área?
Cantoneiro - Infelizmente não. As pessoas, neste momento, já não se preocupam muito com o ambiente.
Entrevistadora - O que o leva a pensar assim?
Cantoneiro - Nota-se que a maioria da população polui cada vez mais o ambiente.
Entrevistadora - Acha que a profissão está a “desaparecer” ?
Cantoneiro - Na minha opinião sim, porque já não há tantas pessoas interessadas em preservar o planeta.
Entrevistadora - Muito obrigada pela sua colaboração. Em breve a entrevista será publicada.
Cantoneiro - Não tem de agradecer. Fiz esta entrevista com muito gosto e espero que muitos jovens que a lerem pensem um bocadinho antes de poluir o nosso planeta, pois mais tarde não poderão usufruir tanto dele.

Érica Figueiredo, 6ºB

O MOLEIRO
Eu escolhi esta profissão porque já não há moleiro na minha zona. Bem…há o senhor António que já foi moleiro. Resolvi visitá-lo para lhe fazer esta entrevista.
Beatriz - Boa tarde! Ouvi dizer que o senhor António era moleiro. Pode dizer-me o que faz um moleiro?
Sr. António – Claro, menina! Um moleiro mói o trigo e o centeio.
Beatriz - Como funciona um moinho?
Sr. António – Com a ajuda da força da água que faz rodar as pedras, que se chamam mós, cujo peso mói os grãos, produz-se a farinha.
Beatriz: Porque é que acha a sua profissão importante no dia-a-dia?
Sr. António: Porque a farinha serve para fazer o pão, o milho partido para dar aos animais e a farinha de milho para fazer a broa.
Beatriz: Em toda a sua vida profissional, o que é que aconteceu de mais importante?
Sr. António - Um dia, apareceu-me uma criança à porta pedir-me para a salvar de um castigo, pois sua mãe tinha-lhe mandado um pouco de milho para fazer farinha para a broa e deixou cair tudo pelo caminho. Então, fui buscar um pouco das minhas reservas para poder dar àquela pobre criança que tanto chorava.
Beatriz - Trocaria a sua profissão por outra?
Sr. António – Não! Gosto muito daquilo que faço, faz-me sentir um pouco útil.
Beatriz - Se pudesse trocar, qual era a outra profissão que escolheria?
Sr. António - Talvez padeiro, porque faz tudo parte das mesmas origens.
Beatriz - Porque é que a sua profissão teve tendência em acabar?
Sr. António - Porque apareceram as novas máquinas que fizeram com que fosse tudo mais fácil e mais rápido.
Beatriz - Obrigado pela sua disponibilidade e lamento que a sua bonita profissão esteja em vias de extinção.
Beatriz Santos, 6ºD
O AMOLADOR
Eu decidi entrevistar o Senhor Joaquim devido à sua profissão ser quase a mais antiga do mundo, tão antiga como a própria faca, e ser um belo exemplo de como as profissões de uma época traduzem a sociedade em que está inserida e as suas mais diretas necessidades. Assim, com esta entrevista é possível visitarmos uma época diferente da nossa e reflectir sobre o seu desvanecer nas cortinas do tempo. O senhor Joaquim já foi outrora o único amolador da zona da Figueira da Foz. Nesta entrevista, vamos falar um pouco sobre a sua profissão.
Edgar - Senhor Joaquim, pode contar-me um pouco sobre a sua atividade?
Senhor Joaquim - A minha profissão consistia em afiar qualquer objecto cortante, como facas, tesouras, machados.
Edgar - Qual a importância da sua profissão?
Senhor Joaquim - Antigamente, muitas pessoas cortavam a sua madeira, tinham os seus próprios animais e quando estes tinham o tamanho certo matavam-nos. Para isso, necessitavam de facas extremamente bem afiadas. No final de tudo, a minha profissão servia para facilitar as actividades do quotidiano das pessoas.
Edgar - Qual era o seu tipo de clientes?
Senhor Joaquim - Como a minha loja era a única na região, vinham todo o tipo de pessoas, desde talhantes a chefes de cozinha, lenhadores, agricultores, até mesmo um coleccionador de facas e espadas do século XV que vinha todos os meses afiar a sua colecção.
Edgar - Porque acha que o número de amoladores, hoje em dia, é tão diminuto?
Senhor Joaquim - O estilo de vida das pessoas tem sofrido grandes alterações, as actividades que necessitavam de um amolador ou estão a desaparecer, ou arranjaram uma dessas “mariquices” que afia as facas sem grandes esforços. Assim, torna-se complicado ter uma profissão de que as pessoas necessitam cada vez menos.  
Edgar Silva, 6ºD
A  MONDADEIRA
 Eu escolhi a profissão de mondadeira porque é interessante e a minha avó fazia-o. Esta profissão desapareceu porque os tempos são outros e as máquinas substituíram o trabalho que as mondadeiras faziam. E hoje, aqui estou para fazer algumas perguntas à minha avó, uma pessoa simpática, amiga e que tem muitas mais qualidades.
Jornalista – Olá, avó está boa?
Entrevistado – Estou sim, minha neta.
Jornalista – Olhe avó, posso fazer-lhe algumas perguntas, para um trabalho da escola?
Entrevistado – Claro!
Jornalista – Olhe, o trabalho é sobre uma profissão em vias de extinção ou que já tenha acabado.
Entrevistado – Está bem! Eu era mondadeira.
Jornalista – Então, posso fazer-lhe algumas perguntas sobre essa profissão?
Entrevistado – Podes.
Jornalista – Tinha quantos anos quando começou a exercer essa ocupação?
Entrevistado – Tinha oito anos.
Jornalista – O que é que você fazia?
Entrevistado – Eu, quando tinha oito anos, andava a ajudar as mulheres mais velhas e também lhes dava água para beberem. Quando já era mais velha arrancava as ervas daninhas, adubava as terras e também semeava e plantava o arroz.
 Jornalista – Fale-me sobre o interesse que a sua profissão tinha e já não tem?
Entrevistado – É que lá nas terras andavam muitas pessoas e toda a gente se conhecia. Também andavam no burro ou nos carros dos bois e agora quase ninguém se conhece e todos andam de carro.
Jornalista – Fale-me sobre um episódio que tenha acontecido nesse tempo?
Entrevistado – Foi num dia em que eu e as minhas colegas íamos a passar a ponte. A minha colega ia em cima de uma padiola e caímos todas.
Jornalista – Dê-me uma opinião sobre se a sua profissão voltará?
Entrevistado – Acho que não volta, porque os tempos são outros e a mente das pessoas está muito evoluída.
Jornalista – Eu ouvi falar que era costume as mondadeiras cantarem enquanto trabalhavam. O que é que você cantava?
Entrevistado – Cantava a machadinha, a carrasquinha e havia muitas mais.
Jornalista – A que horas acordava para ir para o trabalho?
Entrevistado – Acordava às seis e meia.
Jornalista – E a que horas acabava o trabalho?
Entrevistado – Acabava às oito horas.
Jornalista – Que traje vestia?
Entrevistado – Eu vestia uma saia feita de calções, uma blusa, um lenço, um chapéu e umas meias nas pernas que se chamavam canos, por causa das sanguessugas.
Jornalista – Obrigado por este bocado.
Entrevistado – Não tens de quê.
Francisca Silva, 6ºD
AS LAVADEIRAS
Os motivos que me levaram a escolher esta profissão foi porque na minha terra existiam muitas lavadeiras. Essa profissão deixou de existir porque inventaram máquinas de lavar e secar roupa. As lavadeiras eram senhoras que tinham por profissão lavar roupa para outras pessoas. Eram senhoras humildes e pobres. Geralmente, na cidade, lavavam a roupa das senhoras mais ricas. Iam a casa das patroas uma vez por semana e levavam a roupa de toda a família para lavar nas fontes públicas e nos fontenários. Em alguns lugares, todos os dias, à beira rio, juntavam-se imensas pessoas a lavar. Cantavam, falavam da vida de toda a gente, por vezes até ralhavam e brigavam umas com as outras. Ao fim do dia, lá iam todas com a bacia à cabeça já com a roupa lavada.

Joana - A senhora lembra-se do tempo em que havia lavadeiras?
Lavadeira - Claro que lembro, era muito difícil porque no inverno a água era fria.
Joana - Então e eram bem pagas?
Lavadeira - Não! As senhoras pagavam o menos possível.
Joana - Mas mesmo assim, as lavadeiras continuavam sempre?
Lavadeira - Era o seu ganha-pão. Não havia trabalhos bem pagos como agora e o dinheiro era pouco. Tudo o que vinha fazia jeito, pois as famílias tinham muitas dificuldades.
Joana - E era difícil andar com as bacias à cabeça?
Lavadeira – Olhe, arranjavam-se assim muitas dores de costas para a vida toda, pois não havia máquinas como agora. E as senhoras não podiam e outras não queriam porque era duro. Então, davam o trabalho às outras e pagavam. Hoje, já não há lavadeiras porque o progresso e a evolução geraram as famosas e belas máquinas de lavar e secar a roupa.
Joana Cadima, 6ºD




A PEIXEIRA
 Eu escolhi esta profissão porque está em vias de desaparecimento, pois, hoje em dia, o peixe vende-se no supermercado onde as pessoas têm mais escolha. Como está em vias de desaparecimento quis saber como era antigamente praticada. A peixeira tinha uma roupa muito simples, pois não ganhava muito dinheiro para comprar roupa melhor. A sua roupa era: um lenço à cabeça, uma saia comprida com um avental à frente e uma blusa branca.
     
Entrevistadora - Olá, boa tarde. Será que lhe podia fazer umas perguntinhas?
Peixeira - Sobre o quê?
Entrevistadora - Sobre a sua profissão.
Peixeira - Claro que sim.
Entrevistadora - Pode-me explicar o que faz na sua profissão?
Peixeira - Posso. Levanto-me às quatro da manhã para ir à lota escolher o melhor peixe. Nem sempre é fácil, o peixe está muito caro e tenho de fazer uma seleção daquele que posso vender melhor.
Entrevistadora - Acha que a sua profissão tem o mesmo interesse que tinha antes?
Peixeira - Sim, porque o peixe sempre fez parte da nossa alimentação. No entanto, há diferenças e grandes! Principalmente na maneira de o comercializar, já que tudo evoluiu. Enquanto antes, era vendido dentro de canastras que eram transportadas à cabeça, agora é vendido em carrinhas próprias para esse fim. Se assim não for temos a fiscalização em cima de nós.
Entrevistadora - Acha que há diferenças no tipo de clientes?
Peixeira – Sim, sem dúvida! O cliente, hoje em dia, é muito exigente. Gostam de ver várias variedades de peixe. Antigamente, era mais a sardinha e o carapau.
Entrevistadora - Pode-me relatar um episódio engraçado que lhe tenha acontecido na sua profissão?
Peixeira – Bom, isso dava pano para mangas, já que episódios engraçados é coisa que não me falta.
Entrevistadora – Antigamente, qual era o seu pregão?
Peixeira - Aiiiiiiiiiiii, peixe fresquinhooo, eiiiiiiiiiiii, peixe fresquinho!!!!!!!!!!!!!!
Entrevistadora - O que pensa que vai acontecer com a sua profissão?
Peixeira - Como sou vendedora ambulante, talvez acabem com ela, pois as exigências são tantas que não vamos conseguir suportar tantas despesas.
Entrevistadora - Dona Ana, muito obrigada pela sua atenção e sorte para a sua profissão.
Peixeira - Obrigado também, menina. Saudinha.
 Mónica Carvalho, 6ºD

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