sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Os sapatos do Pai Natal


            Foi num dia de sol, à entrada de uma pastelaria cheia de bolos daqueles de uma pessoa se lamber. Um grupo de meninos aproximou-se de mim e perguntou, como era costume:
            - O senhor é que é o Pai Natal?
            Dessa vez decidi arvorar o meu olhar bondoso, fiz um sorriso redondo e, muito devagarinho, disse que sim, era eu mesmo em carne e osso, o Pai Natal acabadinho de chegar da Lapónia.
            É claro que ninguém acreditou. Eu insisti. Disse-lhes que podiam tocar-me na barba para verificar que era a autêntica e verdadeira barba do Pai Natal, mas eles, nada!
            Como devem calcular, fiquei um bocadinho aborrecido e triste, a pensar que não devia ter dito uma mentira e que, ainda por cima, a mentira não tinha servido de nada.
            Afinal de contas, acabou por servir. Mal virei costas aos meninos e comecei a afastar-me, aconteceu uma coisa verdadeiramente inesperada. À minha frente apareceu o Pai Natal! O verdadeiro! O que vive mesmo na Lapónia! Apanhei um grande susto. Pensei que ele vinha zangar-se comigo por ter procurado enganar os meninos dizendo que eu era ele, quer dizer, que era eu o Pai Natal.
Para minha surpresa, ele não se zangou comigo. Pelo contrário. Agradeceu-me imenso por ter dito aquela mentirola. E, coisa espantosa, pediu-me para o substituir durante o próximo Natal. Queria que eu fizesse o trabalho dele. Que fosse o Pai Natal! Só por esse ano, é claro…
Há muitos anos que o Pai Natal verdadeiro sonhava ter um Natal sossegado. Era um grande favor que eu lhe fazia se aceitasse substituí-lo. Um favor que ele não podia pedir a qualquer pessoa. Apenas a alguém que se parecesse com ele, como era o meu caso, que gostasse muito de meninos e de os ver felizes, como também era o meu caso, ou não fosse eu um poeta.
A princípio ainda hesitei. Não sabia se seria capaz de cumprir uma tarefa de tanta responsabilidade. Mas o Pai Natal verdadeiro insistiu, insistiu, e eu não fui capaz de resistir a um desafio daqueles. Aceitei sem saber no sarilho em que me estava a meter!
Não foi nada fácil aprender o ofício do Pai Natal. Tive de tirar a carta de condução de trenó, tive de aprender a falar a linguagem das renas, tive de aprender os mapas das cidades e ruas onde moravam os meninos a quem me cabia distribuir as prendas, e mais uma quantidade de pequenos pormenores que nem me passavam pela cabeça. Uma trabalheira!  
Francisca Silva 6ºD

1 comentário:

  1. Estou ansioso por saber como é que a personagem principal vai descalçar o "par de botas" que arranjou. Ou antes "sapatos" ... os sapatos do Pai Natal! ;-)
    Feliz Natal Francisca!

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