O Afonso adormecido
Era uma vez, num reino distante, um rei
e uma rainha que tiveram um lindo principezinho, a quem chamaram Afonso.
Para celebrar o seu nascimento, todas as
fadas foram convidadas para madrinhas. Cada uma das três fadas, como prenda,
concedeu ao principezinho um dom especial. Todas exceto uma, a fada má, que não
foi convidada.
Esta, sabendo que todas as outras fadas
tinham sido convidadas para celebrar o nascimento do príncipe Afonso, decidiu
aparecer na mesma. Como vingança, em vez de lhe conceder um dom, lançou-lhe uma
maldição.
- Príncipe Afonso, no dia em que
chegares ao quinto ano, nas tuas lições um e dois, quando fizeres o teste de
diagnóstico de Português, vais tornar-te um autêntico preguiçoso. E, se
adormeceres e ninguém te acordar em cinco minutos, dormirás para sempre!- disse
a fada má, prevendo a atitude do rei, em mandar o príncipe para a escola, coisa
que nem ele próprio ainda tinha pensado.
Olhando uns para os outros confusos, não
imaginando sequer o que era o quinto ano e o que significava, fez-se um
silêncio profundo durante alguns segundos.
Quando se aperceberam que o belo príncipe
se ia tornar um preguiçoso, todos no castelo ficaram aflitos. Por sorte, havia
uma fada boa que ainda não tinha concedido o seu dom e, apenas podendo evitar
que o Afonso se fosse tornar num preguiçoso, alterou o feitiço da fada má, de
modo que o principezinho em vez de se tornar num preguiçoso para sempre, se
fosse tornar num preguiçoso apenas durante dois anos. Mas, acerca de dormir
para sempre, só um beijo de amor o poderia salvar, também no prazo desses dois
anos.
Quanto ao feitiço da preguiça, este só
poderia ser quebrado nesses dois anos quando um professor sortudo o conseguisse
fazer mudar.
Mesmo assim, pensando que o perigo era no
reino, aos três anos o príncipe Afonso foi enviado, para uma conhecida do rei
que morava no Paião. E não estando informada do acontecimento, colocou-o na
escola.
Os anos passaram e a vida continuou sem
nenhuma agitação, tornando-se a maldição apenas uma má lembrança. O príncipe
Afonso foi crescendo também, apenas sabendo que só tinha a sua mãe para cuidar dele,
a qual nunca lhe disse sequer que ele era um príncipe.
No primeiro dia que o Afonso teve Português,
tal como o previsto, ele realizou o teste de diagnóstico e aconteceu exatamente
o que era para acontecer: o Afonso tornou-se um autêntico preguiçoso.
O seu colega do lado, ao reparar que ele
estava adormecido de tanta preguiça, comunicou ao professor. Mas já era tarde
demais. O príncipe tinha adormecido por mais de cinco minutos na sala de aula.
Claro está que uma funcionária da escola
logo ligou à «mãe» dele pensando que ele estava desmaiado.
A «mãe» dele logo informou o rei que lhe
gritou:
- Não sabias da maldição?
Confusa, ela respondeu:
- Desculpe mas não me informou de nada.
- Não temos tempo para conversas, temos
que pensar em alguma solução!
Então, radiante, ela exclamou:
- Lembro-me de ele me falar numa menina
que acreditava em reis e princesas. Ele gosta muito dela e ela gosta muito
dele.
- Já sei! Tenho de a informar.- disse
ela.
E lá foi ela correndo feliz.
Depois da escola, lá a encontrou e
chamou-a a sós para sua casa:
- Vem! Eu sei que parece estranho mas eu
preciso de ti!
Quando chegaram e ela o viu assim, quase
que chorou.
- Ele... na verdade, ele é um príncipe e
eu sou a melhor amiga do rei. No seu nascimento ele recebeu uma maldição. Como
sabes ele é um preguiçoso e se adormecer por mais de cinco minutos é isto que
acontece. Só tu o podes salvar. Descobre tu mesma. Vou deixar-vos a sós.
Imediatamente, ela descobriu o que tinha
de fazer sem ninguém lhe dizer nada. Ela beijou-o com todo o amor que tinha
e... o príncipe acordou.
Mas infelizmente todos notaram que ele
ainda era um preguiçoso.
Por sorte calhou-lhe o senhor professor
Ângelo Cortesão.
Numa aula distante, depois de muitos
ensinamentos e puxões de orelhas, o Afonso sentia-se diferente. O feitiço
estava quebrado. Depois de tudo acabar, os dois pombinhos cresceram juntos e
nessa mesma data, só que passados cinco anos, quando ambos tinham quinze,
casaram e, novamente, houve uma grande festa.
Excelente! Continua a "dar asas" à tua imaginação e a divertir-te escrevendo histórias tão engraçadas como esta.
ResponderEliminarParabéns!
Temos uma grande escritora!
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